quarta-feira, 1 de julho de 2009

A beleza da fe

E muito bonito observar e sentir a fe que emana dessas pessoas. Todos, de alguma forma, carregam em seu corpo algum sinal remetendo sua religiao. Homens e mulheres hindus com o famoso "terceiro olho", ou a fitinha vermelha amarrada ao pulso e na maioria das vezes, os homens, com uma pequena tatuagem no pulso ou no antebraço com algum simbolo hinduista. Ja os muçulmanos e as outras religioes se diferenciam pelo modo de se vestir e pelos simbolos que carregam.

O fato e que por aqui, todos de alguma forma, tem a religiao visualmente identificada.
Mas o que predomina e o hinduismo.Pequenos templos, pequenas casas de oraçao e altares sao vistos em cada rua dessa cidade. Todos os estabelecimentos, lojas, restuarantes, posto de gasolina, todos os lugares tem um "cantinho religioso".


No escritorio onde trabalho, por exemplo, o hall de entrada tem um pequeno altar com a imagem de dois deuses hinduistas (nao me lembro agora qual especificamente). Todo funcionario que chega, antes de subir, passa por la se concentra por alguns minutinhos e faz a reza da manha.


Mas o caminho de volta do trabalho e a hora que eu mais gosto na cidade.
Fim de tarde, a hora dos cântigos. Ao passo que vou atravessando a cidade para chegar em casa, vou passando por varios templos e altares, onde as pessoas se aglomeram, lotando a calçada em volta, e cantam, rezam, enfeitam o altar com flores, acendem os incensos, tocam o sino. Um por um, eles entram, se apresentam diante da escultura que e da imagem de algum dos deuses , buscam seu momento de paz e voltam a cantar. Mulheres, homens, idosos e as crianças que pulam, sobem no colo das maes para alcançar e tocar o sino. E uma hora magica na cidade, voce consegue sentir a paz de todo esse ritual acompanhado pela cantoria, os sinos e o cheiro dos incensos.

A fe e algo muito interessante. Ao meu ver e a prova de que nenhum bem material sera capaz de satisfazer o homem por completo. Todos ainda estamos em busca de algo inatingivel. Todos de alguma forma temos nossos momentos de fe, aquele momento que conversamos com nos mesmos, que buscamos forças ou respostas alem daquilo que esta a nosso alcance.


Mesmo aqueles que dizem nao acreditar em Ds, que nao tem e nao gostam de religiao, creio que de alguma forma acabam buscando uma saida espiritual, um desprendimento da carne. Meditando, sonhando, fazendo regressao, energizaçao, ...nao importa o jeito. Nao tem como viver sem ao menos pensar em algo alem. Seria muito banal. Seria como assinar o atestado de obito da propria vida. Seria nao acreditar na magia que ela pode te proporcionar.

Um comentário:

  1. Concordo totalmente com vc quando vc diz que nenhum bem material será capaz de satisfazer o homem por completo.
    Acho que o vácuo existencial, o hedonismo atrelado a um niilismo infantil, que se torna crescentemente a tradução das sociedades ocidentais, é a razão para o desespero existencial, a depressão e a falta de sentido de que sofre o ocidental.
    Pra mim é pavoroso perceber como o consumo, a imagem, são pregadas como materializadores da felicidade. Isso gera uma descartablidade generalizada... de moral, de valores, de caráter... até mesmo de pessoas... as próprias pessoas se tornam descartáveis aos olhos do outro que não hesita em descartá-la caso apareça alguém que lhe seja mais vantajoso, isso na relação patrão empregado tanto quanto em relacionamentos, afinal não se diz por aí que vc "investe" num relacionamento? Que visão mais coisificada das pessoas! Por conta do que é estampado em revistas, anunciado nos meios de comunicação de massa o que se encontra hoje povoando as ruas é uma egolatria, um narcisismo ensimesmado, essa idéia vazia de consumo que ganhou o estatuto de "o caminho para a felicidade"... o caminho pra felicidade no ocidente é sempre voltado pra uma pessoa só, perceba : " Seja feliz!" - "Tenha o corpo perfeito"- " tenha já um iPhone de última geração" - "Aproveite a vida"... e eu te pergunto... cadê o "outro" nessa equação??
    Todos buscam sentido extríncicamente, procurando em vitrines ou relações fáceis, saciar o desespero da falta de sentido.. nesse mundo de valores descartáveis e transitórios... em que ontem o bacana era ser "pra frentex" e hoje o legal é sair pra balada e ter sexo casual... sem amor... sem envolvimento... um encontro arbitrário de dois orgãos genitais... um prazer efêmero e vazio... que retrata como uma foto polaroid, a falta de valor e sentido de que sofre o ser humano...
    Pra mim é triste... te confesso... de vez em quando realmente cogito a possibilidade de ir pra India, me isolar em algum canto e nunca mais voltar... porque acho que há uma diferença fundamental entre o povo daqui e o daí e essa diferença pra mim... é de um valor inenarrável... Enquanto aqui vivemos nessa sociedade aparentemente organizada e limpa, com ruas asfaltadas, cineminhas de domingo, ar condicionado no escritório, engenheiros e emprenteiros fazendo as obras... essa imagem de organização é só uma imagem.. pois o interior das pessoas aqui é cheio de caos, angústia, raiva, ressentimentos, falta de amor com o próximo, narcisismo... Em contrapartida, aí, apesar do aparente caos e desorganização exterior... interiormente as pessoas tem uma paz, uma bondade, um amor pelo outro, quase inexplicáveis visto que tudo exteriormente parece tão sujo e desorganizado. Mas não é inexplicável... só é incompreensível pra nós, ocidentais... que nos acostumamos com o desamor.

    Marcelo.

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